Antibioticoterapia Geral: Resumo AzonoMED de Antibióticos

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Domine os antibióticos com este guia completo. Aprenda a classificação (Gram+ vs Gram-), o espectro das classes principais e como combater bactérias resistentes (MRSA, KPC, ESBL).

Índice

Vamos bater um papo reto sobre um dos temas mais importantes e, vamos ser sinceros, mais temidos da medicina: antibióticos. É um universo gigante, cheio de nomes esquisitos, e que vive mudando por causa da tal da resistência bacteriana. A gente se sente perdido, né?


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Mas a real é que, se a gente entende a lógica por trás, tudo fica mais simples. Minha ideia aqui não é te fazer decorar uma lista infinita. É te dar a base pra você raciocinar e tomar decisões, como se estivéssemos discutindo um caso no corredor do hospital.

Domine os antibióticos com este guia completo. Aprenda a classificação (Gram+ vs Gram-), o espectro das classes principais e como combater bactérias resistentes (MRSA, KPC, ESBL).
Domine os antibióticos com este guia completo. Aprenda a classificação (Gram+ vs Gram-), o espectro das classes principais e como combater bactérias resistentes (MRSA, KPC, ESBL).

Conheça o inimigo (as bactérias) primeiro

Antes de escolher a arma, você precisa saber contra quem está lutando. Na prática, a gente classifica as bactérias de um jeito bem visual, pela coloração de Gram, que depende da estrutura da parede celular delas.

  • Bactérias Gram-positivas: Pensa nelas como bactérias com uma “armadura” mais espessa de uma coisa chamada peptidoglicano. Por causa disso, elas se coram de roxo. As mais famosas desse grupo são:
    • Staphylococcus aureus: Super versátil. Pode ser só um morador da nossa pele e nariz (coloniza até 30% da população) ou pode ser um vilão que causa doenças graves.
    • Streptococcus pneumoniae: Uma causa super comum de pneumonias e meningites.
    • Streptococcus pyogenes: O agente da faringite bacteriana e de infecções de pele.
    • Enterococcus: Moram no nosso intestino e podem causar infecção urinária e endocardite.
    • Listeria monocytogenes: Um bacilo perigoso, associado à meningite em idosos e recém-nascidos.
  • Bactérias Gram-negativas: A “armadura” delas é mais fina, então elas não seguram o corante roxo e acabam ficando rosa/vermelho. Aqui moram:
    • Enterobactérias (como a E. coli, Klebsiella, Proteus): A E. coli é a principal causa de infecção urinária. Esse grupo todo vive no nosso trato gastrointestinal e é uma causa comum de infecções hospitalares.
    • H. influenzae e M. catarrhalis: Frequentemente causam infecções de vias aéreas, como sinusites e pneumonias.
    • Neisseria: Inclui o meningococo (causa de meningite) e o gonococo (da gonorreia).
    • Pseudomonas: Um terror do ambiente hospitalar, infecta principalmente imunodeprimidos e queimados.
  • Bactérias Atípicas: Esse é um grupo especial, composto por Mycoplasma, Chlamydophila e Legionella. Elas são chamadas assim porque, por natureza, já são resistentes a uma das nossas principais classes de antibióticos (os betalactâmicos). São muito importantes nas pneumonias comunitárias.

Os grandes grupos de antibióticos

Agora que conhecemos os alvos, vamos às armas. Cada classe de antibiótico tem um jeito diferente de atacar a bactéria. Alguns explodem a parede celular, outros sabotam a produção de proteínas, outros bagunçam o DNA.

azonomed antibioticos classes
Principais antibióticos e seus respectivos agentes indicados

Os “coringas” do baralho: Betalactâmicos

Essa é a família mais usada e mais importante de todas. Eles agem na parede da bactéria, impedindo sua construção. Mas atenção aos efeitos adversos: podem causar alergias, sintomas gastrointestinais e até problemas mais sérios como nefrite intersticial e convulsões (principalmente com Cefepime e Imipenem).

  • Penicilinas: A evolução delas conta a própria história da resistência.
    • Naturais (ex: Benzatina): Ótimas para sífilis e infecções por Streptococcus, mas o Staphylococcus aureus (MSSA) aprendeu a produzir uma enzima (penicilinase) que as destrói.
    • Resistentes às penicilinases (Oxacilina): Criadas justamente para vencer o MSSA. São a escolha para infecções de pele, endocardite e meningite por esse agente. Não pegam enterococos.
    • Aminopenicilinas (Amoxicilina, Ampicilina): Ampliaram o espectro para pegar alguns Gram-negativos como E. coli, H. influenzae e Salmonella. São muito usadas para sinusites e pneumonias.
    • Com Inibidores da Betalactamase (ex: Amoxicilina+Clavulanato, Piperacilina+Tazobactam): O inibidor (clavulanato, tazobactam) “desarma” a defesa da bactéria, deixando a penicilina agir. Com isso, elas passam a cobrir o MSSA e também bactérias anaeróbias. A Piperacilina-Tazobactam é a única dessa turma que tem ação contra Pseudomonas.
  • Cefalosporinas: A lógica aqui é pensar em “gerações”. Conforme as gerações avançam (da 1ª para a 3ª), elas perdem um pouco da força contra Gram-positivos, mas ganham muito poder contra Gram-negativos.
    • 1ª Geração (ex: Cefalexina): Ótima para Gram-positivos (pele e partes moles).
    • 2ª Geração (ex: Cefuroxima): Melhora a ação contra alguns Gram-negativos respiratórios.
    • 3ª Geração (ex: Ceftriaxone, Ceftazidima): Muito boas para Gram-negativos. Ceftriaxone é excelente para meningites, e a Ceftazidima pega Pseudomonas.
    • 4ª Geração (Cefepime): Um “canivete suíço”. Tem amplo espectro, pegando bem Gram-positivos (como MSSA) e Gram-negativos, incluindo Pseudomonas.
    • 5ª Geração (Ceftarolina): A grande estrela aqui é sua ação contra o temido MRSA (o Staphylococcus aureus resistente à Oxacilina).
  • Carbapenêmicos (Meropenem, Imipenem, Ertapenem):
    • Essas são as “bazucas”. Têm um espectro de ação amplíssimo, cobrindo Gram-positivos, Gram-negativos e anaeróbios. São o tratamento de escolha para infecções por bactérias produtoras de uma enzima de resistência chamada ESBL.
    • Atenção: O Ertapenem é a exceção do grupo: ele não tem ação contra Pseudomonas.

Grupos com missões específicas

  • Para os Atípicos: O trio de ouro é Macrolídeos (Azitromicina), Fluoroquinolonas respiratórias (Levofloxacino, Moxifloxacino) e Tetraciclinas (Doxiciclina). Lembre-se dos riscos: quinolonas podem causar ruptura de tendão, e macrolídeos podem alterar o ritmo cardíaco (aumento do intervalo QT).
  • Foco nos Gram-Positivos Resistentes:
    • Vancomicina: A principal arma contra o MRSA. Requer cuidado pela toxicidade renal e pela “Síndrome do Homem Vermelho”.
    • Linezolida: Ótima opção para MRSA e VRE (Enterococo Resistente à Vancomicina), mas pode causar supressão da medula óssea com uso prolongado.
    • Daptomicina: Outra opção para MRSA e VRE, mas com um detalhe crucial: não funciona no pulmão, pois é inativada pelo surfactante.
  • Foco nos Gram-Negativos Resistentes:
    • Aminoglicosídeos (Amicacina, Gentamicina): Usados para Gram-negativos resistentes, mas são famosos pela toxicidade para os rins (nefrotoxicidade) e ouvidos (ototoxicidade).
    • Polimixinas (Colistina): Uma classe antiga que foi “ressuscitada” para combater as superbactérias produtoras de carbapenemase (KPC). Também são nefrotóxicas e neurotóxicas.

Os super-inimigos: a resistência na prática

Para as provas e para a vida, você precisa conhecer os “vilões” mais famosos e como combatê-los:

  • MRSA (Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina/Oxacilina): Ficou resistente a quase todos os betalactâmicos. A droga de escolha é a Vancomicina.
  • ESBL (Betalactamase de Espectro Estendido): Bactérias Gram-negativas que destroem penicilinas e cefalosporinas. A droga de escolha é um Carbapenêmico (ex: Meropenem).
  • KPC (Produtora de Carbapenemase): O pesadelo. É uma bactéria Gram-negativa que destrói até os carbapenêmicos. O tratamento é super complexo, com drogas como Polimixinas ou as novas associações, como Ceftazidima-avibactam.
  • VRE (Enterococcus Resistente à Vancomicina): Um enterococo que ficou resistente à nossa principal arma contra Gram-positivos. Sobram poucas opções, como Linezolida ou Daptomicina.

Sei que é muita informação, mas tente pegar a lógica. Entender quem é a bactéria, qual é a sua provável resistência e qual o espectro de cada classe de antibiótico é o que vai te fazer acertar as questões e, mais importante, tratar bem seus pacientes.

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