O que é um abscesso pulmonar?
Um abscesso pulmonar é uma cavidade preenchida com pus, geralmente causada por uma infecção bacteriana que resulta na necrose do tecido pulmonar. Essa condição pode ser aguda (durando até 4-6 semanas) ou crônica (mais de 6 semanas).
Embora relativamente raro, o abscesso pulmonar pode ser potencialmente fatal, exigindo diagnóstico e manejo precisos.
Principais sintomas do abscesso pulmonar
O sintoma mais evidente é uma tosse produtiva, frequentemente acompanhada de expectoração com odor fétido, sangue ou pus. Outros sinais clínicos incluem:
- Mau hálito;
- Febre ≥ 38,3°C (101°F);
- Dor torácica;
- Dispneia;
- Sudorese excessiva ou noturna;
- Perda de peso não intencional;
- Fadiga persistente.
Causas: primária vs. secundária
Abscesso pulmonar primário
O abscesso pulmonar primário é causado por infecções localizadas no pulmão. A pneumonia, incluindo pneumonia por aspiração, é a causa mais comum. Pacientes com transtorno por uso de álcool estão particularmente vulneráveis devido à aspiração frequente de conteúdo gástrico, enfraquecimento imunológico e desnutrição.
A pneumonia por aspiração ocorre principalmente em pacientes sedados ou inconscientes, como após anestesia, intoxicação ou trauma. Essa condição resulta da entrada de secreções da boca, estômago ou seios da face nos pulmões, frequentemente carregadas de bactérias anaeróbias.
Abscesso pulmonar secundário
Os abscessos secundários têm causas mais variadas, como:
- Obstruções das vias aéreas;
- Doenças pulmonares coexistentes (ex.: neoplasias);
- Infecções sistêmicas que se disseminam para os pulmões.
Embora menos comuns, os abscessos secundários apresentam maior complexidade diagnóstica e terapêutica.
Grupos de risco
Os pacientes mais propensos ao abscesso pulmonar incluem aqueles com:
- Histórico de abuso de álcool;
- Pneumonia recente;
- Sistema imunológico comprometido (ex.: HIV, câncer, transplantes de órgãos);
- Sedação, anestesia ou estados inconscientes;
- Aspiração de corpos estranhos.
Médicos devem estar atentos a esses fatores ao avaliar pacientes com sintomas respiratórios persistentes.
Diagnóstico do abscesso pulmonar
O diagnóstico envolve uma abordagem combinada:
- Histórico clínico: Investigar procedimentos recentes com anestesia, sedação e fatores predisponentes.
- Exames laboratoriais: Análise de escarro ou pus para identificar patógenos.
- Imagens: Radiografia ou tomografia computadorizada do tórax são essenciais para localizar a lesão e excluir diagnósticos diferenciais, como câncer ou enfisema.
- Broncoscopia: Útil para coletar amostras ou localizar corpos estranhos aspirados.
Tratamento do abscesso pulmonar
O manejo depende da gravidade e do tipo de abscesso:
Antibioticoterapia
Os antibióticos são a base do tratamento, com duração entre 3 semanas e 8 semanas, podendo se estender a 6 meses ou mais em casos graves. O uso inicial de antibióticos empíricos, como clindamicina ou metronidazol em combinação com cefalosporinas, é comum, ajustando-se após a identificação do agente etiológico.
Intervenções invasivas
- Drenagem percutânea: Inserção de tubo para remover pus do abscesso.
- Cirurgia: Reservada para casos refratários, envolve a remoção do tecido pulmonar infectado.
Orientações gerais
- Evitar tabagismo e álcool;
- Manter hidratação adequada;
- Gerenciar condições subjacentes (ex.: desnutrição).
Complicações potenciais
Apesar do tratamento, o abscesso pulmonar pode levar a complicações graves:
- Empiema: Acúmulo de fluido infectado ao redor do pulmão, necessitando de drenagem imediata.
- Fístula broncopleural: Conexão anormal entre as vias aéreas e a pleura.
- Hemorragia pulmonar: Pode ser fatal em casos graves.
- Disseminação da infecção: Formação de abscessos em outras áreas, como cérebro ou fígado.
Prognóstico e considerações finais
Com tratamento adequado, 90% dos abscessos primários resolvem sem complicações. Contudo, abscessos secundários têm maior mortalidade, especialmente em pacientes imunocomprometidos ou com acesso limitado a cuidados médicos.
Atenção médica precoce é fundamental. Identificar os fatores de risco, oferecer tratamento rápido e acompanhar possíveis complicações pode melhorar significativamente os resultados clínicos.
Dica para médicos: Considere incluir o abscesso pulmonar no diagnóstico diferencial de pacientes com tosse produtiva persistente, febre e perda de peso inexplicada.
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