Já estabelecemos que o escaneamento de hálito é revolucionário. Mas como, exatamente, uma máquina ‘cheira’ uma doença? Qual é a mágica que acontece dentro daquela caixa? Não é mágica, é ciência. E é uma ciência fascinante. Vamos abrir o capô e espiar o motor dessa tecnologia. Preparado para uma pequena viagem ao mundo das moléculas?
Do pulmão para o sensor: a jornada de um COV
Tudo começa no seu metabolismo. Células doentes ou processos metabólicos alterados liberam substâncias químicas específicas na sua corrente sanguínea. São os famosos Compostos Orgânicos Voláteis (COVs). Por serem ‘voláteis’, eles evaporam facilmente. Quando seu sangue passa pelos pulmões para as trocas gasosas, esses COVs pegam uma carona e são liberados no ar que você expira. Até aqui, pura biologia.
O desafio tecnológico é: como capturar e identificar essas moléculas, que estão presentes em concentrações minúsculas, numa mistura com centenas de outras?
O ‘nariz eletrônico’: um trabalho de equipe de sensores
A tecnologia central é o que chamamos de ‘nariz eletrônico’ ou ‘e-nose’. Mas não imagine um nariz de verdade. Pense mais em um painel de especialistas super exigentes. Esse painel é, na verdade, um conjunto de sensores químicos. Cada sensor é projetado para reagir a um tipo diferente de molécula ou a uma família de moléculas.
Como os sensores funcionam?
Quando você sopra no aparelho, a amostra de hálito passa por essa câmara de sensores. Ao entrar em contato com os COVs, as propriedades elétricas dos sensores mudam. Imagine um sensor como uma pequena guitarra elétrica. Quando uma molécula ‘toca’ nela, a nota (o sinal elétrico) muda. Cada tipo de molécula (um aldeído, um hidrocarboneto, um cetona) ‘toca’ uma ‘nota’ diferente em diferentes sensores.
O resultado não é um único número, mas um padrão complexo de mudanças elétricas em todo o conjunto de sensores. É como um acorde, uma ‘impressão digital’ química do seu hálito naquele exato momento.
A inteligência artificial entra em cena
Ok, temos um padrão elétrico complexo. E agora? Sozinho, esse padrão não significa nada. É aqui que a inteligência artificial (IA) e o aprendizado de máquina (machine learning) se tornam os verdadeiros heróis.
Funciona assim:
- Treinamento: Os cientistas ‘ensinam’ o sistema. Eles coletam amostras de hálito de milhares de pessoas: algumas saudáveis, outras com diagnóstico confirmado de uma doença específica (como câncer de pulmão, por exemplo).
- Identificação de Padrões: O algoritmo de IA analisa todos esses dados e ‘aprende’ a reconhecer o padrão de hálito, a tal ‘impressão digital’ química, que está consistentemente associado àquela doença.
- Diagnóstico: Uma vez treinado, o sistema pode pegar a sua amostra de hálito, analisar o padrão gerado pelos sensores e compará-lo com o banco de dados. Ele então calcula a probabilidade de o seu padrão ser compatível com o padrão da doença.
É uma união poderosa da química, da engenharia de sensores e da ciência da computação. É a tecnologia traduzindo a linguagem sutil do seu corpo. Fascinante, não é? Entender esses bastidores nos dá ainda mais confiança no potencial dessa ferramenta. E isso é apenas uma parte da história. Para ver o quadro completo, mergulhe no nosso post pilar sobre a revolução do escaneamento de hálito e conecte-se com o futuro da saúde que nós, Azoners, estamos construindo.