Tutorial de produção: do sensor ao software de som

Para os curiosos, um guia de como conectar um sensor de frequência cardíaca a um software de áudio para criar sua própria música corporal.
Facebook
WhatsApp
X

Índice

Você é um Azoner curioso, talvez com um pé na tecnologia ou na música, e a ideia de criar o ‘som do corpo’ te fascinou. ‘Legal, mas como eu faço isso na prática?’. Este tutorial é para você. Não vamos apenas falar sobre, vamos mostrar o caminho das pedras. É um mergulho um pouco mais técnico, mas prometemos que vale a pena. Vamos conectar o mundo físico da biologia com o mundo digital do som. Preparado?

Os ingredientes da receita

Você vai precisar de três componentes principais:

  1. O Sensor (A Fonte de Dados): A maneira mais fácil e acessível de começar é com um sensor de frequência cardíaca que use Bluetooth Low Energy (BLE). A cinta peitoral Polar H9 ou H10 é o padrão ouro para isso, pois transmite dados de batimento (BPM) e intervalo R-R (para calcular a VFC) de forma aberta.
  2. O Intermediário (A Ponte): Seu computador não fala ‘Bluetooth de cinta cardíaca’ nativamente. Você precisa de um pequeno software que capture os dados do sensor e os envie para o seu software de áudio. Para Mac, o ‘Heart Rate to MIDI’ é uma ótima opção. Para PC, existem scripts em Python ou apps como o ‘Pulsoid’ que podem fazer o trabalho. A função deles é converter seus dados biológicos em um formato que os programas de música entendem, como MIDI ou OSC.
  3. O Gerador de Som (O Instrumento): Aqui é onde a mágica sonora acontece. Você pode usar qualquer Digital Audio Workstation (DAW) como Ableton Live, FL Studio, Logic Pro. Ou, para controle total, um ambiente de programação visual como Max/MSP ou Pure Data. Para este tutorial, vamos focar no Ableton Live por ser muito popular e versátil.

O passo a passo da conexão

Passo 1: Capture os dados do coração

Coloque sua cinta peitoral Polar. Abra o software ‘intermediário’ (ex: ‘Heart Rate to MIDI’ no Mac). Ligue o Bluetooth do seu computador e conecte-se à cinta. Você deverá ver seus dados de BPM e R-R aparecendo em tempo real no aplicativo. Ótimo! A fonte de dados está funcionando.

Passo 2: Crie a ponte para o Ableton Live

No seu software intermediário, configure-o para enviar os dados como mensagens MIDI. MIDI é a linguagem que os instrumentos eletrônicos usam para se comunicar. Você pode mapear, por exemplo:

  • Cada batida do coração para enviar uma nota MIDI específica (ex: C3, Dó na terceira oitava).
  • O valor do seu BPM para ser enviado como uma mensagem de ‘Control Change’ (CC) em um número específico (ex: CC#1).
  • O valor do seu VFC (ou intervalo R-R) para ser enviado em outro número de CC (ex: CC#2).

No Ableton Live, vá em Preferências > Link/Tempo/MIDI e certifique-se de que a porta de saída MIDI do seu software intermediário está ativada como ‘Input’.

Passo 3: Dê vida ao som no Ableton Live

Agora a parte divertida. Crie uma nova pista MIDI no Ableton.

  1. Crie o Ritmo: Coloque um instrumento de bateria (Drum Rack) na pista. Na entrada MIDI da pista, selecione a porta do seu intermediário. Agora, cada vez que seu coração bater, ele vai disparar um som de bateria! Você pode escolher um bumbo, uma palma, o que quiser. O ritmo da sua música será, literalmente, o seu coração.
  2. Module a Harmonia: Crie uma segunda pista MIDI e coloque um sintetizador (ex: Wavetable). Na entrada MIDI, selecione ‘No Input’, pois não queremos que as batidas disparem notas aqui. Agora, entre no ‘Modo de Mapeamento MIDI’ (Cmd+M no Mac). Clique no botão do filtro do sintetizador (que controla o quão ‘brilhante’ ou ‘abafado’ é o som). Agora, mexa no slider correspondente ao seu BPM no software intermediário. Pronto! Você acabou de mapear seu BPM para o filtro. Seu coração acelerado deixará o som mais aberto e intenso, e um coração calmo o deixará mais suave e fechado.
  3. Controle a Textura: Faça o mesmo com a VFC. Mapeie o CC#2 (que está recebendo sua VFC) para o controle de ‘reverb’ ou ‘delay’ do sintetizador. Assim, quando você estiver mais relaxado (VFC alta), o som ganhará uma cauda etérea e espaçosa.

Experimente!

Este é apenas o ponto de partida. As possibilidades são infinitas. Você pode mapear sua respiração para controlar o volume, sua VFC para mudar de acordes, seu BPM para controlar a velocidade de um arpejador… Você se tornou um produtor musical e seu corpo é o principal instrumento.

Sim, é um pouco técnico, mas a sensação de ouvir uma música que responde diretamente ao seu estado interior é indescritível. É a fusão definitiva entre biohacking e arte. Para se inspirar com o que é possível, não deixe de revisitar nosso post pilar sobre a revolução do som do corpo.

Log In

Forgot password?

Don't have an account? Register

Forgot password?

Enter your account data and we will send you a link to reset your password.

Your password reset link appears to be invalid or expired.

Log in

Privacy Policy

Add to Collection

No Collections

Here you'll find all collections you've created before.